Mulheres Negras pelo Clima encerram etapa de visitas técnicas

visitas mulheres card

Foto: @loba.makua

A mentoria Mulheres Negras pelo Clima, do Projeto ANDUS, finaliza a rodada de visitas técnicas aos territórios selecionados. A iniciativa é fruto da parceria do Projeto ANDUS com a Secretaria Nacional de Periferias (SNP), do Ministério das Cidades (MCid), com apoio da consultoria especializada.

A mentoria tem por objetivo desenvolver capacidades e promover o fortalecimento político e institucional de cinco mulheres negras líderes de coletivos e territórios periféricos. Durante a jornada, as líderes trabalham conceitos relacionados à mudança do clima, fortalecem suas lideranças e são incentivadas e assessoradas a promover a melhoria ambiental e climática em seus territórios. Além de formarem uma rede de apoio, onde compartilham suas trajetórias pessoais e trocam experiências.

De maio a julho de 2024, a equipe técnica e as lideranças visitaram os territórios das selecionadas, onde realizaram reuniões e oficinas com as comunidades.

Visitas técnicas

Brasília/DF foi a primeira cidade a ser visitada. Entre 13 e 16 de maio, as lideranças participaram de reuniões políticas em ministérios, Secretaria Nacional de Diálogos Sociais e Embaixada da Alemanha. Também conheceram a Cozinha Solidária do MTST, no Sol Nascente, território da liderança Bizza Araújo.  A cozinha serve de 120 a 130 marmitas diariamente, além de promover reforço escolar semanalmente para as crianças da comunidade.

De 22 a 25 de maio, foram a Belo Horizonte/MG visitar o Aglomerado da Serra, maior conjunto de favelas de Minas Gerais. Participaram de atividades na Coletiva Mulheres da Quebrada, que tem como uma das lideranças Simone Sigale. A Coletiva promove ações focadas nos direitos das mulheres, enfrentamento às violências, pobreza menstrual e insegurança alimentar, oferecendo atendimento psicológico, oficinas culturais, workshops e ações solidárias.

O grupo participou também das atividades da Caravana das Periferias, da SNP, conhecendo os territórios Cabana do Pai Tomás e Vilas Dias, e visitaram o Museu os Quilombos e Favelas Urbanos – MUQUIFU.

Em seguida, a equipe técnica foi à cidade de São Paulo/SP para atividades na Terra Prometida. Comunidade liderada por Ana Cláudia Hilário, a Terra Prometida abriga cerca de 2430 pessoas, das quais 358 são crianças. Dentre as iniciativas locais, destacam-se a Cozinha Solidária do MTST, que atende 150 a 200 pessoas por dia, e o Ateliê Mulheres de Força, onde as moradoras aprendem a tecer e produzem tapetes, cobertores, bolsas e outras peças para venda, sendo a principal fonte de renda da comunidade.

Nos dias 5 a 7 de junho, foram feitas atividades de mapeamento coletivo com a comunidade da Terra Prometida, que também recebeu a edição local da Caravana das Periferias.

A quarta visita foi para João Pessoa/PB, do dia 26 ao 30 de junho. Com apoio da liderança Dayanne Monteiro, foram feitas atividades com moradoras do Aratu, comunidade vulnerável que não possui fornecimento público de serviços essenciais, como água, esgoto elétrica, tampouco de equipamentos públicos educação, lazer ou saúde. O território possui muitas famílias catadoras de recicláveis, que recebem apoio de coletivos locais como o Amigas Solidárias e o Clube de Catadores do Aratu, dos quais Dayanne faz parte, que promovem diversas ações solidárias na comunidade.

Além disso, o grupo participou do lançamento do Prêmio Periferia Viva 2024, na comunidade Porto do Capim, que premiará iniciativas periféricas que enfrentam a desigualdade socioespacial e potencializam os territórios.

A rodada de viagens se encerrou em Belém/PA, último território visitado. Do dia 12 ao 15/07, as lideranças e a equipe conheceram a cidade de Lília Melo, líder do Cineclube TF, coletivo do bairro Terra Firme que promove reconhecimento e valorização da identidade sociocultural afro-indígena ribeirinha da juventude local. Por meio da arte, o coletivo tem intuito de formar uma rede de comunicação e cultura no bairro.

Em Belém, o grupo também realizou uma visita guiada à Usina da Paz, pela Secretaria Estadual de Articulação da Cidadania. O complexo faz parte do programa estadual Territórios pela Paz e oferece no local mais de 80 serviços gratuitos e atividades artísticas, profissionalizantes e esportivas para a comunidade.

Próximos passos

Com o encerramento das visitas técnicas, a mentoria Mulheres Negras dá início a sua fase final. A consultoria especializada entra na etapa de produção de um guia geral sobre a mentoria, com cadernos individuais sobre os territórios e lideranças, para apoiá-las em articulações políticas.

Os próximos encontros com as lideranças serão virtuais para dar continuidade às conversas sobre mudança do clima e temas relevantes, atualizações sobre parcerias e articulações com parceiros políticos e recomendações para os territórios.